Sarkozy serve de
entretenimento ao mundo, como o seu casamento com la bela
Bruni, e com os seus disparates de doméstica. Às vezes é possível esquecer que o senhor é Presidente da França. Mas o problema é que é mesmo. E
reaccionário e de uma direita exercida que deve deixar
Le Pen pleno de orgulho.
Os problemas com a segunda geração dos emigrantes em França - já franceses, portanto - são constantes. São incontáveis os caixotes do lixo ardidos em arredores das
metrópoles. Mas a brutalidade policial na execução de uma ordem de despejo, em que vemos um polícia arrastar uma mulher de ascendência africana que tem o seu bebé às costas, e portanto a pobre criança
arranha as costas pelo asfalto, era prelúdio de pior. Agora,
Sarkozy avança-se ao papel de
Hitlerzeco de trazer por casa: «persigam-se os ciganos», gritou do
Eliseu.
Que interessa se fala de cidadão europeus, oriundos da Roménia e da Bulgária, membros de direito da UE, quase quase pleno em matéria de livre circulação de pessoas? São ilegais, são ciganos, são gente que não é bem vinda ao senhorio daqueles 165
centímetros de gente - «gente? gente não é, certamente», é caso para citar o poeta.
Expliquem-me como é que alguém acha que o projecto de Jean
Omer Marie Gabriel
Monnet pode estar vivo, quando o seu compatriota
destroi o sonho da união desta forma? Mais vale o egoísmo pragmático da senhora
Merkl, que colocou o euro ao colo. E que, goste ou deteste turcos, teve um muito pouco caucasiano
Ozil a representar o melhor da Alemanha, no Mundial da África do Sul.
Bela revolução, a francesa. Como afirmou a judia alemã e fugazmente residente em Paris
Hannah Arendt, a preservação da liberdade só é possível se as instituições pós-
revolucionárias interiorizarem e mantiverem vivas as
ideias revolucionárias. Talvez o (descendente) húngaro
Sarkozy pudesse fazer estas leituras?