20 de agosto de 2010

Sarkozy, orgulho de seu pai Le Pen

Sarkozy serve de entretenimento ao mundo, como o seu casamento com la bela Bruni, e com os seus disparates de doméstica. Às vezes é possível esquecer que o senhor é Presidente da França. Mas o problema é que é mesmo. E reaccionário e de uma direita exercida que deve deixar Le Pen pleno de orgulho.
Os problemas com a segunda geração dos emigrantes em França - já franceses, portanto - são constantes. São incontáveis os caixotes do lixo ardidos em arredores das metrópoles. Mas a brutalidade policial na execução de uma ordem de despejo, em que vemos um polícia arrastar uma mulher de ascendência africana que tem o seu bebé às costas, e portanto a pobre criança arranha as costas pelo asfalto, era prelúdio de pior. Agora, Sarkozy avança-se ao papel de Hitlerzeco de trazer por casa: «persigam-se os ciganos», gritou do Eliseu.
Que interessa se fala de cidadão europeus, oriundos da Roménia e da Bulgária, membros de direito da UE, quase quase pleno em matéria de livre circulação de pessoas? São ilegais, são ciganos, são gente que não é bem vinda ao senhorio daqueles 165 centímetros de gente - «gente? gente não é, certamente», é caso para citar o poeta.
Expliquem-me como é que alguém acha que o projecto de Jean Omer Marie Gabriel Monnet pode estar vivo, quando o seu compatriota destroi o sonho da união desta forma? Mais vale o egoísmo pragmático da senhora Merkl, que colocou o euro ao colo. E que, goste ou deteste turcos, teve um muito pouco caucasiano Ozil a representar o melhor da Alemanha, no Mundial da África do Sul.
Bela revolução, a francesa. Como afirmou a judia alemã e fugazmente residente em Paris Hannah Arendt, a preservação da liberdade só é possível se as instituições pós-revolucionárias interiorizarem e mantiverem vivas as ideias revolucionárias. Talvez o (descendente) húngaro Sarkozy pudesse fazer estas leituras?

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