30 de setembro de 2010

Da austeridade

Alguém me diga como é que se resolve esta equação: cumprir o ditado vindo lá da Alemanha, agradar a especuladores (ainda não percebi como é que se agrada aos mercados senão gerando-lhes ganhos), manter défice e dívida nos percentuais do PEC e preservar empregos, crescimento económico, poder de compra, confiança? E, acrescento, manter os quadros de qualidade dentro das fronteiras nacionais, porque por estes dias constato que só fica quem não pode partir ou quem é muito teimoso.

28 de setembro de 2010

27 de setembro de 2010

Bem, disse ela...

Manuela Ferreira Leite fazia manchete na capa do i, em 9 de Maio de 2009:

Há casamentos que não resultam. Se há pessoas diferentes, sou eu e Sócrates. E acrescentava, em entrevista: Não acredito que a ausência de maioria vá gerar uma crise política.

Ora, ante tão sábias palavras, eu própria me questiono: em Março deste ano, o PSD mudou para melhor? Ouso dizer que todos nós pensámos que sim. Mas eu já não estou certa.

Combate de Blogs, 22º programa (26.09.2010)

26 de setembro de 2010

Televoto do Rui Santos (live)

Quem domina os bastidores do futebol português e detém o poder fora das «quatro linhas»?

80 por cento dos televotantes diz que é o FCP. Ah! A sério?! Nunca pensei!

Está quase na hora do «Combate de Blogs» de hoje, no TVI 24

À esquerda: Marta Rebelo e Nuno Ramos de Almeida.
À direita: Rodrigo Moita de Deus e Miguel Morgado.

O folhetim Orçamental (ainda)

Todos querem saber quando termina o folhetim «Orçamento». Já se sabe como acaba: aprovado. Com Passos Coelho a vitimizar-se como nobre salvador de uma pátria sem Rei nem roque, chocado com o projecto orçamental, mas sem outra hipótese que não seja pedir aos seus Deputados que se abstenham.
Na fotografia tenta passar por boa alma, de melena alourada ao vento, auréola angelical de bom-moço, que não pereceu à mercê do mau feitio e da génese traiçoeira do Primeiro-Ministro.
Algures em Janeiro de 2005, num comício em Évora, Pedro Santana Lopes queixava-se que José Sócrates não debatia a dois na TV, e perguntou para a plateia: «No recreio da escola, como é que se chama aos meninos que não querem brincar?». E uns ensaiados jovenzinhos da JSD gritaram a resposta pré-fabricada. Onde é que andam estes moçoilos? Cresceram?

Fui só eu que reparei, ou Mário Soares elogiou alegremente Cavaco Silva?


Elogiou. São muitos anos nesta vida, e a observar vidas destas.

Camaradas socialistas-democratas, e o Professor Carrilho

Mário Soares recoloca os pontos socialistas nos «is», e nota como ultimamente os militantes socialistas de topo regressaram à nomenclatura de sempre: somos «camaradas». E falamos em «socialismo democrático». O Pai Fundador envia assim os seus recados, com a fineza que outros desconhecem, piscando o olho com ar matreiro na fotografia de entrada da sua entrevista ao DN e a TSF.
Elogia Obama e Lula da Silva, e aponta as vantagens políticas e pessoais do entendimento entre José Sócrates e Pedro Passos Coelho. Para além de outras...
Se concordo com o momento, a forma e o conteúdo desta grande entrevista, ando em desacerto com o dr. Mário Soares num ponto, e neste ponto só: a opinião sobre o caso «Carrilho». O ex-PR entende que houve delito de opinião, no âmbito de um bom mandato de Manuel Maria Carrilho. Eu entendo que há tantos anos que o professor de Filosofia anda a tramar quem pode, quando pode e muitas vezes só porque pode, que alguém o havia de devolver a trama. Sem escolher «família». Só quem não conhece José Sócrates e o longo histórico de Carrilho é que foi apanhado de surpresa. É que povo tem sempre razão, e já há muito que diz que quem anda à chuva... molha-se. Às vezes com estrondo.

24 de setembro de 2010

Desesperadamente procurando um xeque-mate social-democrata

A crise, que financeira, económica ou política é sempre culpa do governo e nunca enraizada no contexto global, deixa qualquer um de nós exausto. Porque o quotidiano está difícil, porque o desemprego é aquele que conhecemos, porque as gerações mais jovens vivem o paradoxo de não ajudarem o país sem que se eduquem superiormente, mas assim que se educam engrossam fileiras de desempregados ou mal empregados.
Agora, a duas semanas da entrega governamental do projecto de orçamento na Assembleia da República, todos os jogadores do tabuleiro movimentam-se, face à jogada de um PSD que desesperadamente procura o xeque-mate. Sejamos francos, Pedro Passos Coelho é um flop. E já é visível a movimentação interna. O PSD nunca foi partido de perdoar Messias que prometem mas falham nas sondagens, e os vinte Deputados que não assinaram o projecto de revisão constitucional, essa tragédia em demasiados actos, são mero exemplo.
Vai dai, o PSD recusa a negociação prévia do projecto orçamental, e apregoa que viver em duodécimos não é desgraça alguma, pois o único senão é a impossibilidade de aumentar a despesa e cobrar mais impostos, e é isso mesmo que se pretende. Pois isto é pura m-e-n-t-i-r-a. Qualquer pessoa que estude um par de horas o complexo das Finanças Públicas portuguesas sabe quão inverosímil e populistas é esta linha que o PSD tem tentado coser discursivamente em tudo o que é telejornal. Aliás, para liberais tão assumidos, estes senhores estão a ignorar demasiado o mercado. E mais: querem eleições? Acham que vencem? Mas sabemos todos que das eleições antecipadas, por ora, têm fugido como o diabo da cruz!
O meu diagnóstico é simples: Passos quer que Cavaco Silva resolva o imbróglio, porque sabe que o OE 2011 não vai colher simpatia popular e precisa de se descartar das medidas de contenção. E sabe que o PR, também candidato a PR, não pode nem quer ir a eleições com o país a duodécimos ou com eleições legislativas à espreita. Mais, sabe que Cavaco Silva fará tudo para salvar o país de maior descrédito nas praças financeiras e instituições internacionais, destino óbvio se nos revelamos incapazes de, sequer, acordar num orçamento.
Mas este feitiço, sr. Passos, tem o condão de virar-se contra o feiticeiro. Nem um Harry Potter de mão cheia conseguia fazer desta manobra uma poção mágica de qualidade.

Yes, he can... go!

Foi com enorme felicidade e regozijo que recebi a notícia dada a conhecer ao mundo através de comunicado da Casa Branca, a meio desta semana: Lawrence Summers, Conselheiro Económico de Barak Obama, demitiu-se. Melhor, deixará de aconselhar o Presidente até ao final do ano, para regressar ao seu posto de professor em Harvard.
Esta novidade não trás apenas rosas. Mas sejamos positivos - coisa que escasseia neste nosso país, por contraponto aos profetas desgraçadinhos - e lanço-me à boa-nova: Larry Summers deixa a Casa Branca! O aprendiz de Greenspan, tão próximo do consenso de Washington e das maravilhas do mercado, do grupo de génios iluminados que negaram a chegada óbvia da grande crise de 2008 na década que a antecedeu, deixa de soprar conselhos a Obama.
Mas o curriculum do Sr. Summers não fica por aqui. Harvard, alma mater para onde anseia voltar, já o teve como Reitor (2001 a 2006). O clímax de um mandato de tolerância e civismo foi a afirmação peremptória de que as diferenças genéticas tornam as mulheres menos aptas para as engenharias e a matemática e, logo, para ocupar cargos importantes nessas áreas. Até porque têm uma responsabilidade sua de educar os filhos. Enquanto Reitor, Larry Summers entrou em conflitos com docentes afro-americanos, docentes de esquerda e contratou menos mulheres para ensinarem em Harvard.
A questão primeira, e que já fiz tantas vezes sem que alguém me oferecesse resposta cabal, é o que é que este senhor faz na Presidência Obama. Mas como o tempo não está para desdenhar de boas notícias, comemoro esta com enorme jubilo e alegria. Tal como me solidarizo com a grande Harvard e seus alunos, para onde este democrata iluminado regressa...
E não me digam que Larry Summers é apenas um rato que, metaforicamente, abandona um navio em dificuldades. A economia norte-americana demora a retomar, ou a ganhar o ritmo digno da salvadora do mundo. Mas veja-se a dívida pública dos EUA: com Regan, subiu 189 por cento; com Bush 90; com Obama 23 por cento. Não vejo muitos furos no barco.